Estranho desapego experimento.
Estranha é a calma que me invade.
Serena sensatez sem fundamento,
da paz que vem agora, quando é tarde.
Eu tive o teu amor, mas certamente
os sonhos que eu sonhei não eram meus.
Vivia no teu mundo aparente
onde te adulava como a um deus
Mil dias vi nascer à tua espera.
Mil noites vi chegar sem que viesses.
Ciladas da ilusão, duma quimera
que cedo me agarrou sem que o quisesse.
Eu fiz versos pra ti sem tu saberes.
Palavras te escrevi que tu não leste.
Segredos que guardei, como deveres
desse amor pecado que me deste.
Agora que o fim está iminente
já nada mais fará que volte atrás
e os sonhos que sonhei intensamente
pra mim já pouco importam, tu verás!
Estranhas a indiferença que aparento
depois dos muitos anos que te amei?
estranhas mas não sabes o que lamento
de ver aquilo em que me transformei.
TERÇA-FEIRA, 24 DE JANEIRO DE 2017
Poema duma profundidade amorosa caldeada pelo desencanto. A Florbela Espanca não fez melhor. Parabéns pela capacidade genial de o construir.
ResponderSempre generoso nas suas avaliações. Obrigada
ResponderEliminarFlorbela Espanca, como gosto da sua triste poesia.
O amigo Tapadinhas não exagerou. Também adorei. Excelente. Parabéns!
ResponderObrigada
ResponderEliminarFátima.... Uau! Que força apaixonada! Muito belo e intenso. Parabéns.
ResponderObrigada. São delírios... sem cura!